Conhecida no Brasil pelo enigmático nome "Catinga de mulata", o tanaceto ou tansy já foi muito usado na culinária, em bolinhos, biscoitos, omeletes, recheios de carne, pratos de selvaggina (caça), licores, chás e saladas. Contudo, descobriu-se que essa erva é meio tóxica, devido à presença de uma substância chamada tujona, que é um inibidor gabaérgico e que pode levar à desinibição, alucinações e morte. Claro que o pessoal tomou muito chá de tanaceto na idade média como afrodisíaco, mas também para infestações intestinais de oxiúros, parasitas contra os quais é de fato eficaz. Dizem que o tanaceto também espanta moscas, pragas aladas e vermes, sendo seu óleo um bom inseticida orgânico (na minha experiência, ela sofre o mesmo ataque de pragas que as demais espécies do jardim, acho que isso é furada, mas quem sou eu para contestar os embalsamadores egípcios...). Os italianos, mais exatamente os piemonteses (oi, chef Franco!) conhecem o tanaceto por arquebuse (arcabuz, que é um trabuco, um tipo antigo de espingarda) e fazem com ele um licor caseiro digestivo e "estimulante" de mesmo nome. Eles colocam poucas folhas e uma flor numa redinha e a prendem junto à tampa de um vidro de fechamento hermético cheio de álcool (circa 300ml), mas sem encostar a erva no álcool. Fecham e deixam repousar por 40 dias. Ao fim desse período, desprezam a erva e misturam o álcool já aromatizado à calda de açúcar própria para licores. Eu até faria esse licor, mas exigiria um documento de consentimento informado dos degustadores, just in case...
...E como jardinagem e poesia sempre andam juntas...
And where the marjoram once, and sage, and rue,/ And balm, and mint, with curl'd-leaf parsley grew,/ And double marigolds, and silver thyme,/ And pumpkins 'neath the window climb;/ And where I often, when a child, for hours/ Tried through the pales to get the tempting flowers,/ As lady's laces, everlasting peas, /True-love-lies-bleeding, with the hearts-at-ease,/ And golden rods, and tansy running high, /That o'er the pale-tops smiled on passers-by.
John Clare (1793-1864)
Em livre tradução:
E aonde, outrora, manjerona, e sálvia e arruda/ melissa e menta e salsa crespa cresciam/ e duplas calêndulas e tomilho prateado/ e abóboras sob a janela escalavam/ E aonde eu criança, de costume, por horas/ tentava, pelas fendas da cerca, apanhar as tentadoras flores/como as espumas-do-mar e as ervilhas-de-cheiro/ o amaranto e as violas tricolores/ e os bastões-de-ouro e o altaneiro tanaceto/ que, do alto da cerca, sorriam aos passantes
Olá, estou curtindo o seu blog. Parabéns!
ResponderExcluirVocê já fez uso culinário da catinga de mulata? Se sim, em que quantidades, se é tóxica? Trouxe um molho de Belém do Pará, mas as folhas não se parecem com as da ilustração. Estão mais para manjericão-like. abraços, Telma
Alô, estou curtindoo seu blog. Parabéns!
ResponderExcluirVoc~e já fez uso culinário da catinga de mulata? Se sim, em que proporções, já que os manuais dizem que é tóxica? Trouxe um molho de Belém , mas as folhas não se parecem com as da imagem. Estão mais para manjericão-like. abraços, Telma