Uma coisa que ajuda bastante um jardineiro é a geografia. Raciocinemos: a lavanda é uma planta oriunda das costas áridas e ensolaradas do Mediterrâneo Europeu. Vocês a submeteriam às chuvaradas/enchentes de um fevereiro gaúcho, que são quase uma monção indiana? Não, né. Então, se temos um pé de lavanda, ele vai gostar de um vaso de cerâmica, pois drena melhor que o de barro. Vai preferir o sol à sombra e vai detestar ser encharcado, apodrecendo em pouco tempo. O mesmo vale para o alecrim, que vem da mesma região e cresce perto do mar. Quando eu conheci a Grécia, que é um terreno pedregoso e cheio de maresia, seco, seco, fiquei espantada ao ver que todo arbusto na rua era alecrim e que toda árvore de Atenas era uma oliveira ou um cipreste. Na época, eu apenas me maravilhei ao reconhecer as espécies nativas de lá, mal sabendo que estranho era o meu desconhecimento das espécies daqui (mas isso é outra discussão). Para quem só conhece lavanda nas propagandas da L´Occitane, digo: lavanda se come, sim, e não tem gosto de sabonete não. Minha colega de ICIF, a chef Carolina Branchi, adora uma pontinha de lavanda em nosso tortino perfect de alho-poró e batata. Tentem também na frittata, na salada, nas aves de caça. Mas só um pouquinho, senão enjoa.
Em tempo: essa lavanda com flores é a Lavandula officinalis, var. dentata. (Se a gente olha de perto, vê que os bordos da folha são serrilhados). Apesar de ser originária da Espanha, o mundo anglófono a conhece como lavanda francesa (vai saber por quê...). A primeira foto do post mostra a lavanda que tem na horta da nonna e que sempre temperou nossos galetos: a Lavandula officinalis vera ou, mais modernamente, Lavandula angustifolia, também conhecida como Lavanda Inglesa, embora tenha sido levada à Inglaterra pelos Romanos. Os Romanos, aliás, pagavam fortunas por feixes de lavanda e adoravam colocá-la na água do banho. Há, ao que parece, uma controvérsia envolvendo o NEJM e a lavanda. É possível que o óleo concentrado da erva, consumido rotineiramente, tenha propriedades anti-androgênicas.
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