Un Giardin sul Balcon

"Non ghe xe erba che la varda in sù che non la gabbia la so virtù" (da tradição vêneta)

quarta-feira, 23 de janeiro de 2013

Morrendo e Aprendendo


Aos queridos amigos que acompanham este blog, peço desculpas por tê-lo abandonado por tanto tempo. Confesso que tenho vivido um momento bastante desestimulado em relação a ele desde que uma sucessão de pragas se instalou e não foi mais embora, mas acho interessante contar também o lado não-cor-de-rosa dessa história, para que possamos discutir alternativas e produzir conhecimento nessa área tão nova que é a agricultura vertical urbana.

Pois este aí em cima é o meu pé de ruibarbo (Rheum tanguticum), o único sobrevivente de muitas e muitas sementes que desperdicei, que já morreu e ressuscitou uma dezena de vezes, praticamente um guerreiro imortal. Nada surtiu efeito contra as pragas que o assolavam até que, quase por acidente, descobri uma técnica que chamei de "desespero orgânico". Joguei ao acaso umas sementes de rúcula no vaso, por pena de jogá-las fora e, eis que a rúcula passou a dividir as atenções dos parasitas e meu ruibarbo está assim, belo e folhoso, quase pronto para eu provar seu gosto pela primeira vez.

Não é que eu tenha descoberto grande coisa: a natureza faz isso desde sempre. Tudo cresce junto, criando ecossistemas complexos que a imaginação de um jardineiro é incapaz de conceber, bem diferente da minha tendência a compartimentalizar e organizar as coisas, de ter cada planta em seu vasinho, devidamente catalogada. Agora, as plantas crescem onde querem, os galhos ficam na direção em que se curvaram, ervas espontâneas já não são arrancadas. Dessa maneira é que, embora o giardin já não tenha aquele aspecto bonito, perfeito para fotografias inspiradoras, ele tem se mantido vivo e sempre me ensinando lições poderosas.

Dearest followers of this semi-abandoned blog, I apologize for being so distant for so long. The truth is that I have been quite disappointed with my attempts on vertical urban agriculture and it has been quite frustrating fighting against all the pests that have settled on my garden. I can hardly seed anything and beautiful, strong seedlings seem to fade overnight despite all my efforts. However, since I have been recieving support from you all this time, I think it is still valid to tell the tale of a real garden, in order to keep the discussion open on this new and unknown field in which we all struggle.

One of the things I have discovered, quite by accident, is what I call "organic desperation": After many and many battles to keep my rhubarb alive (we don't have rhubarb here in South Brazil), I finally managed by planting some arrugula in the same container. It is now growing strong, against all odds. I should have known better: Nature does this since the dawn of times, plants and other beings striving together, in complex ecossistems, way beyond my obsessive, positivist desire of keeping each plant on its planter, well 'organized' aestethically. This is why my garden is not so photogenic anymore: there are weeds everywhere and the herbs and flowers are growing in a messy, almost chaotic way. But the garden is still alive and keeps teaching me the most precious lessons on humbleness and observation.