Un Giardin sul Balcon

"Non ghe xe erba che la varda in sù che non la gabbia la so virtù" (da tradição vêneta)

sábado, 17 de março de 2012

Guerra

Depois de quase três meses, estou voltando ao blog para falar sobre as batalhas que perdi. As moscas brancas, as pretas e os ácaros tomaram conta das minhas plantas. Resultado: perdi quase tudo o que tinha, pouco a pouco, tristemente.

Foi tudo tão melancólico que não tive coragem de descrever. Por muitos dias, nem quis ir ao jardim, porque sabia que ia encontrar mais uma planta morta ou murchando. Durante um tempo, fiz uma tentativa de trazer os vasos para dentro, mas aí foi ainda pior. A praga se alastrou ao ponto de eu comprar uma muda, trazê-la para casa e, um ou dois dias depois, assisti-la definhar e perecer. Tentei tudo o que pude: gastei litros de óleo de neem, fiz mil pajelanças com pimenta, alho, tagetes, fumo, sabão. Lavei toda a terra dos vasos com vapor, troquei a marca da terra, lavei os vasos com água sanitária, misturei pimenta do reino na terra. Apelei para a piretrina, para o malathiol, nada, nem "cosca" nas pragas. E assim se foram meus cardos, minhas calêndulas, meu funcho de bronze, minha verbena azul, minhas balloon flowers, minhas centáureas, meus dez tipos de manjericão. Não sobrou unzinho! Os tomateiros resistiram bravamente por um tempo, depois também se entregaram. Foi horrível horrível.Minha casa se tornou uma bagunça de vasos, rolos de bidim, sacos de terra pela metade. Me sentia o faraó do Egito, vendo as pragas de Moisés arruinarem seu reino.

Um dia, meu marido comentou que se o jardim estava me causando tanta angústia, seria melhor terminar com ele. Cheguei a considerar a ideia, imaginei os vasos voando pela sacada e se espatifando lá no meio da rua, assustando os carteiros. Perder tudo por entre os dedos mexia com a minha tolerância à frustração, me deixava impotente, descrente na agricultura vertical, nos recursos de cultivo orgânico, na minha própria inteligência.

Mas como sempre acontece comigo, as situações mais adversas tem o poder de me deixar com raiva, e essa raiva é o motor mais potente que tenho. Quando eu sinto raiva, aproveito, como se fosse uma onda, e surfo nela até sair da fossa em que me encontro. Percebi, como qualquer pessoa que chega numa terapia, que minhas forças e recursos tinham se esgotado, e que era hora de buscar ajuda em outra pessoa, em um profissional.

Procurei a EMATER aqui do meu município, pensando que eles não se dariam o trabalho de atender a um espaço tão pequeno de cultivo, mas para minha surpresa, o agrônomo não só me orientou como prescreveu e visitou meu jardim mais de uma vez.

Disse ele que o fato de haver muitas plantas em um espaço pequeno fazia do meu jardim um ambiente desequilibrado, com escassez de recursos para que as plantas se mantivessem saudáveis. Pouca circulação de ar, sol demais, tempo seco, irrigação insuficiente. Tudo isso permitiu que os ácaros se alastrassem pelas folhas e também na terra, e que as moscas brancas, disseminadoras de viroses, fizessem o mesmo.

Como agrotóxicos são proibidos em zonas urbanas, tive de retirar toda a terra contaminada em sacos de vinte quilos e carregá-los até um lugar onde foi possível desinfetá-la com um fumigador (Obrigada, Gustavo, que carregou muita, mas muita terra, escadas abaixo e acima). Da mesma maneira, tive de levar as plantas sobreviventes para a zona rural e lá aplicar um preparado, em intervalos de 15 dias, que controlou a população de pragas. Comprei um "chuveirinho de mangueira" e passei a molhar as folhas das plantas todos os dias, ignorando as orientações em contrário que tantas vezes li em manuais de jardinagem.

Resultado: estou replantando tudo, hoje semeei de novo pela primeira vez este ano e agora, mais experimentada, estou me sentindo forte para recomeçar. Um jardim não é só um espaço de relaxamento. Nas palavras de Pia Pera, também é uma escola dura, um professor furioso que nos bate nos dedos quando erramos - e que nos deixa sem merenda. Muitas vezes, contudo, são os mestres mais rígidos que nos ensinam as lições mais indeléveis. E foi assim que, mesmo morrendo, meu jardim contribuiu para o meu crescimento pessoal.