Rivera é a cidade uruguaia que se mistura a Santana do Livramento. Uma conurbação, para usar o termo técnico. Se conseguimos resistir ao canto hipnótico dos free shops, enxergamos as ruas arborizadas, as fileiras ininterruptas de casas baixas, coladas às calçadas amplas. Um quiosque vende de tudo, e tudo parece vencido e empoeirado desde sempre. A madeira entalhada de altíssimas portas abre-se, aqui e ali, para revelar antigos vestíbulos de ladrilho. Discretas placas de cobre anunciam profissionais liberais.
As pessoas se apegam à moda da década em que foram mais felizes. O mesmo deve valer para as cidades. Livramento ainda veste o art noveau. Rivera, o art deco. Linhas limpas, curvas simples, vazados. Houve amigos vestindo tweed nos cafés. Houve footings na avenida Sarandí. Houve música nos salões do Club Uruguay, e não era só cumbia. Décadas de ouro ecoam por toda Rivera, assim como persiste em nossas narinas, por alguns instantes, o perfume de uma bela pedestre que recém cruzou por nós...
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