Un Giardin sul Balcon

"Non ghe xe erba che la varda in sù che non la gabbia la so virtù" (da tradição vêneta)

domingo, 29 de maio de 2011

Segurelha


Eu entendo por que a segurelha (Satureja hortensis) é o tempero dos sátiros. Ela me faz delirar. É o melhor tempero para carnes. Sátiros, para quem não sabe, são figuras mitológicas, metade homem, metade bode, que acompanhavam os cortejos dos deuses loucos e rebeldes, Pan e Dioniso, natureza instintiva e sensual, loucura e arte, vinho e teatro, poesia e consumo de animais desmembrados vivos. Livin' la vida loca, entendem? Os gregos e romanos sempre me encantaram por ter esse lado tão pós-moderno, tão livre de repressões, que eles entendiam e integravam às suas instituições, ao invés de reprimir e marginalizar. Enfim, trata-se de um tempero difícil de achar, pelo menos em Porto Alegre, mas fundamental, na minha opinião, para fazer um belo polpettone ou um patê. Em italiano, se chama santorregia; em inglês, savory, em polonês, czaber (lê-se tchômber). Eu tenho um pé de satureja de inverno, que é perene, de sabor encorpado, parente distante do tomilho. A segurelha de verão, que é anual (daquelas que morrem todos os anos), só conheço de foto. A super Rosalind Creasy tem no jardim dela e usa nas vagens e feijões frescos. Ela jura que segurelha e feijões são indissociáveis, uma vez que se prova a combinação. Acho que a segurelha de inverno é como o orégano: se sente mais quando seca. No jardim, é uma planta rústica, que gosta de sol, como o alecrim, mas que precisa de mais água. Na primavera, se beneficia de uma poda, a fim de não virar um amontoado de galhos com poucas folhas. É bastante resistente a pragas e tem comportamento rasteiro, o que faz dela uma linda planta para forração ou, como eu fiz, em cascata de vasos.

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