Un Giardin sul Balcon

"Non ghe xe erba che la varda in sù che non la gabbia la so virtù" (da tradição vêneta)

segunda-feira, 30 de maio de 2011

Chá Russo

 
Quando se vive no interior, acontecem presentes como esse: uma cesta enorme de limões. Diz meu amigo Rossano que os três pés de limão-bergamota da sua propriedade são pequenos, mas dão uma enormidade de frutos, ao ponto de não saber o que fazer com eles. O limão-bergamota (Citrus limonia var. Osbeck), também conhecido como limão-cravo ou limão-rosa em outras partes do país, é originário da Ásia, mas se adaptou muito bem ao Brasil, ao ponto de tornar-se selvagem em algumas regiões. Seu gosto é fortemente ácido e seu rendimento é incrível: cerca de 60ml de suco por fruta.

  
Assistindo um programa de turismo no Alaska, vi que os americanos de lá tomam algo que eles chamam de Russian tea: uma mistura de chá instantâneo, tang de limão e de laranja, cravo e canela. A partir desse conceito, criei minha própria versão, aprovada por meus amigos na versão gelada e aprovadíssima por mim na versão quentinha.

Misturei uns 100ml de suco de limão-bergamota com 100ml de suco de laranja de umbigo e 100ml de suco de lima. Diluí a 25% em água. Fervi com cravo, canela e allspice. Usei como líquido para a infusão de um bom chá preto, vendido a granel. Coloquei açúcar ao meu gosto. Aqui não tem como escapar do açúcar, a fim de equilibrar a acidez dos cítricos.

Não sei o quanto esse é um chá realmente russo, mas sei que os russos amam chá e que vieram a conhecê-lo através dos mongóis, antes mesmo que o chá chegasse à Europa. O jeito certo de beber chá à moda russa é através do samovar, o avô prateado da jarra elétrica. Na base do samovar, há um braseiro que faz a água ferver. Sobre ele, há uma chaleirinha cheia de uma infusão fortíssima de chá preto. Assim, cada pessoa dosa chá e água quente a seu gosto. O chá pode ser servido em xícaras, como as desse meu estimado conjunto russo (presente da minha mãe) ou em lindos copos de cristal com bases e alças de prata.

Nas palavras do escritor siberiano Valentin Rasputin, "uma mesa posta, porém não coroada por um samovar, não é uma mesa, mas algo sem valor, uma manjedoura para pássaros e animais; não há prazer aqui, nem comensalidade".

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