Un Giardin sul Balcon

"Non ghe xe erba che la varda in sù che non la gabbia la so virtù" (da tradição vêneta)

segunda-feira, 14 de março de 2011

Vin Cotto di Ficodindia


Todo mundo que, como eu, viu muito desenho animado, acha que vai encontrar água dentro de um cacto. Para procurar comida nele, porém, o cara tem de estar faminto mesmo. Lá em Bento, onde a abundância é regra, os figos da índia ficam assim, coladinhos na planta até murchar, sem serem perturbados. Esse cacto eu fotografei na frente da Cantina Strapazzon, onde foi filmado O Quatrilho, filme de Bruno Barreto que foi indicado ao Oscar e mostrou a Serra Gaúcha ao mundo. Também pudera! Quem vai pensar em figo da índia com os parreirais carregadinhos?

Resposta: Euzinha! Uva eu conheço e já adoro, amo, não vivo sem. Mas para o blog, eu estou atrás do inusitado, daquilo que passa despercebido, mas que tem muito valor. E o figo da índia, ficodindia, em italiano, é um diamante no carvão. Quem me apresentou a ele foi a Neusa, que também ama uma descoberta. Lá na frente da Escola de Gastronomia, tinha um pé carregadinho, que eu namorava todos os dias. Infelizmente, os frutos não amadureceram enquanto eu estava por lá.


Quando a gente lava bem os cladódios (caules que se diferenciaram) e queima os espinhos, encontra uma linda cor de abóbora e um suco brilhante, de aparência promissora. O gosto in natura é até bem bom.
Mas bom mesmo é reduzir a massa durante horas, junto com um pouco de mel. O resultado é o que se chama, na Sicília, de vin cotto di ficodindia: uma espécie de coulis (calda bastante líquida de fruta), que tem um sabor indescritível, memorável. É claro que rende pouco, como tudo que é especial. Eu provei nos grostoli, biscoitos bem crocantes e doces, típicos da região. Pretendo tentar sobre waffles ou panquecas e como calda de sorvete.







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