Abóbora é uma coisa maravilhosa de se ter em casa, porque demora muito a estragar e é versátil, embora difícil de se trabalhar. No natal do ano passado, eu fiz gnocchi di zucca para comer com pato às frutas vermelhas e achei que combinou muito bem. Até eu ir para a Escola de Gastronomia, minha experiência com abóbora se limitava aos doces em forma de coração que se comem nas festas juninas. Uma receita típica aqui da região, os tortèi di suca (tortelli di zucca) são uns pasteizinhos cozidos com recheio de abóbora e podem ser encontrados em qualquer galeteria. Tem até uma piada assim:
O Bèpi pede pra Marieta:
- Me deixa eu ver tuas mon que eu vô indoviná o que tu fez oggi.
A moça mostra as mãos, as unhas estão cor-de-laranja.
- Zá sei - diz o namorado - tu fez tortèi!
E ela, bem sincera:
- Non, troquei a fralda do nêne!
Schifi a parte, essa receita de Pão de Abóbora (Pane di Zucca ou Pán di suca) vem do livro Flavors of Friuli e deu errado. Muito errado. Sujei toda a cozinha para fazer esse pão, Pórco cán!
Mas a coitada da autora não tem culpa. A abóbora é traiçoeira e, dependendo de fatores incógnitos, pode ter uma quantidade de água que arruina a receita. No fim, tive de usar o dobro ou o triplo da farinha que constava na receita. A massa ficou parecendo o grude com que se faz ciabatta, mas o gosto final ficou ótimo e o pão não apresentou defeitos.
Mas a coitada da autora não tem culpa. A abóbora é traiçoeira e, dependendo de fatores incógnitos, pode ter uma quantidade de água que arruina a receita. No fim, tive de usar o dobro ou o triplo da farinha que constava na receita. A massa ficou parecendo o grude com que se faz ciabatta, mas o gosto final ficou ótimo e o pão não apresentou defeitos.
Como eu faço Pán di Suca, então:
Antes de tudo, a gente corta a abóbora em fatias e deixa, com sementes e tudo, numa forma, no forno pré-aquecido, a 180 graus, por uns quarenta minutos. Tira do forno, deixa esfriar. Quando esfria, a gente tira as sementes e membranas, raspa as cascas e passa a abóbora no passaverdura (eu não sei a palavra para isso em português, mas é um coador com uma hélice que vai esmagando em círculos) e obtém umas duas xícaras de purê.
Daí, a gente pega dois envelopinhos de fermento para pão, coloca numa tigela com uma xícara de água morna (na temperatura da pele) e um punhado de açúcar e mistura. Vai fermentar e, em dez minutos, virar uma espuminha inchada. Está na hora de acrescentar o purê, 4 ovos, 4 colheres (generosas) de manteiga derretida, quatro colherinhas de sal, uma xícara de açúcar e cerca de meio quilo de farinha para pão. Eu usei açúcar mascavo porque eu ando economizando o outro para as geleias. Aí é só sovar até o pão virar uma massa macia e elástica, mas que não gruda mais nas mãos. Isso leva, à mão, uns quarenta minutos, mas eu não gosto de pão batido na batedeira. Concordo com a Susan Field, que diz que pão é um ser vivo e que não convém que ele seja feito sem contato com a mão humana. Quando a massa der ponto, a gente coloca umas passas e nozes e deixa descansar coberta por vinte minutos (a autora manda crescer a massa antes de modelar, mas isso não funciona). O melhor é fazer as tranças, colocar na forma untada, pincelar com ovo e daí sim deixar uma hora crescendo, longe de correntes de ar. Depois é só assar em forno pré-aquecido a 180 até ficar com aquela cor de pão pronto. Pão doce engana, porque fica escurinho mais cedo devido à caramelização dos açúcares. O pão tem de esfriar sobre uma grade e só então ser cortado, senão fica com cara de abatumado. Esses ficaram tão bons que dava para comer a fatia pura, purinha, morninha, cheirosa... que pena que post não tem cheiro...
This is a Squash Bread, from the Book Flavours of Friuli, with a walnuts and raisins filling. If anyone from abroad is interested, please do post a comment asking for the recipe and I will gladly translate it.
Esse pão é uma pintura hein! :D Beijos!
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