Un Giardin sul Balcon

"Non ghe xe erba che la varda in sù che non la gabbia la so virtù" (da tradição vêneta)

terça-feira, 15 de março de 2011

Bento para Turistas

Minha amiga Ana Luíza Koehler, que faz os desenhos mais bonitos do mundo, vai ciceronear uma baiana em visita às terras do Rio Grande. Como as informações que ela pediu podem ser úteis a mais gente, publico aqui no blog essas dicas. Trata-se de um roteiro muito particular, que não se prende aos pontos mais visitados. Se um turista segui-lo, não andará de trem, não irá ao parque temático Epopeia Italiana e nem ficará bêbado de tanto visitar vinícolas, mas com certeza captará o charme e a essência do lugar.


Em primeiríssimo lugar, Bento é um lugar para comer. Não é lugar de se fazer dieta. É a capital mundial da orgia alimentar. Uma refeição típica é composta por pão colonial, sopa de cappeletti, salames e queijos, polenta, galeto, massas, salada de radìci e pudim, além de um café doce e corrigido com grappa. Fujam de armadilhas para turistas. No almoço, vão à Churrascaria Ipiranga e tentem comer o espeto corrido + massa corrida + rodízio de galeto + abóboras carameladas. No lanche, vão à padaria Dolce Gusto, na Vila Planalto, e comam tortas, qualquer uma delas, mas sempre no plural. No jantar, procurem a Portuguesa, onde se serve o maior alaminuta do universo. Se quiserem coisa mais chique, tentem a Pizzaria Pirandello à la carte. Melhor ainda é ser convidado para comer na casa de um local.

Se as vinícolas forem inevitáveis, a Salton no distrito de Tuiuty, a Miolo e a Valduga no Vale dos Vinhedos oferecem bons e grandiosos exemplos. Degustem, comprem os vinhos e não percam muito tempo.

Bento é um lugar para se conhecer de carro, rodando muito pelas estradinhas do interior. Fiquem atentos aos pormenores da arquitetura local, como os capiteis, os campanários das Igrejas, os sobrados de madeira, as cadeiras de palha na frente de casa, as hortas enormes. Percorram os Caminhos de Pedra, em São Pedro, para lá do Barracão. Vão até Pinto Bandeira e voltem. No Vale dos Vinhedos, subam até Monte Belo, desçam até Santa Teresa, percorram o trecho inicial da Estrada do Sabor, procurem a Casa Tasca, onde fica o mais autêntico dos museus e o melhor suco de uva da região. Peçam para provar o suco de uva Goethe.

Santa Teresa é um patrimônio cultural tombado. O engraçadíssimo filme Saneamento Básico foi rodado aqui. Apreciem sem pressa uma volta de carro, parem no belvedere à beira do rio, tomem um chimarrão.


No Vale dos Vinhedos, parem na Queijaria Valbrenta. Provem o queijo com nozes e o queijo com carvão. Comprem só os queijos. Os melhores salames estão em outro lugar. Olhem o Spa do Vinho, a Cave de Pedra e outras construções mirabolantes do caminho.

No meu lugar favorito, que é São Pedro, preparem-se para as compras. Comecem com os produtos de tomate e o refri de abacaxi da Casa del Pomodoro e della gasosa. Visitem o atelier do escultor Bez Batti (não tenham medo, tem de se embrenhar no mato mesmo para chegar lá, mas vale a pena), comprem iogurte de mirtilo e pecorinos na Casa da Ovelha, salames, copas e vinagre na Cantina dos Strapazzon, massas na Casa das Massas, mantas tecidas em tear artesanal ali pertinho, erva mate para turistas na moenda logo adiante. Qualquer coisa comestível comprada aqui será boa. Comprem sem medo. Aproveitem para conhecer o artesanato em dressa, uma técnica bem nossa de trançar a palha do trigo. Minhas sacolas ecológicas são todas feitas desse material, bem como meus cestos de pão e descansos de prato. Reparem que as casas antigas tinham a cozinha separada do resto da casa, a fim de evitar que eventuais incêndios se alastrassem. Visitem alguma cantina de chão batido e paredes de pedra. Até os Miolo começaram assim.





Para hospedar-se, numa faixa não exorbitante, recomendo a Pousada Fornasier no caminho para Pinto Bandeira (excelente café da manhã com vista linda para a cascata) ou, numa faixa de preço um pouco maior, o Borghetto Sant'Anna, no Vale dos Vinhedos (quartos construídos ao redor de rochedos, antiguidades, romance...). Passeios interessantes nas redondezas ainda incluem o Varejo Tramontina em Carlos Barbosa, a Ferradura do Rio das Antas na estrada para Veranópolis (onde também há um curioso, mas mediano restaurante panorâmico) e as cantinas de espumantes de Garibaldi. Bom passeio!
PS: A primeira foto desse post mostra um paiolo, uma máquina de fazer polenta, propriedade da minha amiga e mentora culinária Neusa Fabris.

3 comentários:

  1. Mal posso esperar pra conhecer tudo isso! :D

    PS: eu sou a baiana indicada em seu post! hehehe

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  2. Oi Lila, que legal! Eu adoro a Internet porque ela possibilita esse encurtamento de distâncias, esses contatos improváveis, mas geniais! Eu já estive em Salvador e amei! Comi a melhor casquinha de siri, conheci o acarajé, comprei aqueles pacotões de castanha no mercado público, muito crochè de filé e até acarajé instantâneo em pacotinho! Tomara que gostes tanto da minha terra como eu gostei da tua! Como dizemos por aqui, sia benvenuta!!! (Seja bem vinda)

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  3. Adorei! Espero te conhecer quando eu for aí, viu?

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