Ontem fiz uma versão do risotto ai tre formaggi al polvere di caffè que o Chef Giovanni demonstrou. Queria que o Gusta, louquinho por café como ele é, experimentasse essa insólita combinação. Claro que, sendo um prato feito por mim, tinha de vir com uma saladinha, no caso, as menores folhas de rúcula e agrião da terra que achei no jardim. Esse é o legítimo "cucina del frigo" (limpa-geladeira), uma vez que a gente usa os queijos que encontrar. No meu caso, eu tinha provolone, morbier com carvão e grana. (Ficou meio forte, melhor usar só um queijo marcante). Estou concluindo que cozinhar bem é obedecer aos preceitos culinários de Confúcio, sabem? Doces e salgados, ácidos e pungentes, cores e texturas contrastantes e equilibradas umas pelas outras. Sim, sim, Confúcio, um cara importante, filósofo e ministro de Estado, dava bola para assuntos tão terrenos como o almoço do dia. por quê? Ora, a comida, segundo ele, é uma das bases para a construção de uma nação. Na região em que nasceu, na China, existem inclusive receitas que se atribuem a ele, o pai da moralidade chinesa. Acho que essa ideia é bem consonante com a filosofia budista do caminho do meio: fazer com que todos os sabores se encontrem num ponto de equilíbrio. Interessante que a mesma orientação venha de duas fontes tão distantes, como um cozinheiro italiano e um filósofo chinês. Mais uma prova de que cozinhar é mergulhar no inconsciente coletivo, um desdobramento natural de se estudar a alma humana.
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