Esse é o Ocimum gratissimum, da família do manjericão. Também é conhecido como manjericão-africano e Tree Basil (manjericão-árvore). No Hawaii, é chamado de wild basil (manjericão selvagem). Já li sobre suas propriedades antibacterianas, anti-leishmaniose, anti-helmínticas e até afrodisíacas, mas o que me interessou é que seu aroma remete ao cravo e que uma folha é suficiente para aromatizar todo um prato de carne ao vinho tinto, que é sua principal harmonização. Parece que também combina com frango. Assim que ele sair da quarentena (onde ficam todas as plantas novas ou doentes), será testado.
Un Giardin sul Balcon
"Non ghe xe erba che la varda in sù che non la gabbia la so virtù" (da tradição vêneta)
segunda-feira, 31 de janeiro de 2011
Uma espaldeira para a bertalha
Azeite
Azeite não gosta de duas coisas: luz e calor. Esse é o jeito certo de guardar. Não é charmoso? Eu confesso, eu confesso: eu sou uma guardadora de rolhas e vidros! Tiro os rótulos e reaproveito mesmo. Se olharem com atenção, vão encontrar até o óleo de cozinha lá na foto dos azeites, disfarçado de chic.
PS: Outro dia, a Adriana, que está fazendo a identidade visual dos meus produtos, me perguntou se a gente pode fritar com azeite. Ela disse que corre uma lenda de que o azeite aquecido faz mal. Bom, se isso fosse verdade, não tinha mais um italiano sequer no mundo, todos mortos... de azeite! Heheh, brincadeiras à parte, o azeite é uma ótima gordura para fritar, desde que se observe a temperatura constante, que não se reaproveite o azeite (a não ser para fazer sabão, o que é ótimo e ecológico) e que se saiba proporcionar a quantidade de azeite para o alimento a ser frito. Colocar azeite frio misturado com o azeite quente encharca a fritura. Colocar pouco azeite queima logo o alimento. Sù co' le rècie! (Fiquem de orelhas em pé, prestem atenção, em talian)
sábado, 29 de janeiro de 2011
Manteigas de ervas
Sou fã das manteigas temperadas. Dão um up no visual e no gosto de qualquer carninha ou peixinho chocho. Hoje eu só tinha ervas de peixe, mas não me intimidei: piquei endro e coentro com um pouco de alecrim (tá, esse combina com carne de gado), misturei com meio tablete (cerca de 100g) de manteiga em pomada (não derretida, só deixada à temperatura ambiente por um tempo), enrolei como se fosse um bombonzinho no papel-manteiga e coloquei no congelador enquanto fazia os bifes. Na hora de servir, desenrolei, fatiei e enfeitei o prato. Fácil e de grande efeito para quem quer impressionar as visitas (desde que não sejam chefs, que estão carecas de conhecer esse truque). Já vi fazerem com anchovas (mas não é todo mundo que gosta do cheiro da anchova) e com tomates secos. A manteiga, que o historiador romano Tácito chamava de "o delicioso acepipe dos bárbaros" foi incorporada aos poucos na culinária italiana, em oposição ao azeite, que ainda predomina nos preparos do sul. Na dúvida, eu fico com um pouco de cada um: frito as coisas em azeite com manteiga. Aliás, eu já mencionei que pertenço a um clube chamado "Amici del butiro"? - Amigos da manteiga - hehehe.
PS filológico: Quem fala italiano, pode estranhar: mas manteiga em italiano é burro! Sim. Em vêneto e talian é butiro (vem direto do grego antigo - boutiros, logo ácido butírico - o ácido graxo presente na manteiga). Estou sendo acusada de falar difícil. Qualquer coisa, perguntem!!! Da mesma forma, se eu disser bobagem, corrijam!
Insalata Del Sol
Salada Solar: esse foi o nome que eu dei para a minha invenção e que almoçamos hoje. Sobre uma base de miolo de alface americana, eu dispus brotos de trevo, tiras de pimentão amarelo, quartos de tomatinhos amarelos, pétalas de girassol orgânico (leia-se: sem venenos), umbelas de endro e pedaços de noz pecan. Temperei com sal de rocha moído na hora, azeite orgânico e meu vinagre aromatizado com endro, lavanda e cerefólio. Chamei assim porque todos os ingredientes apresentam alguma tonalidade de amarelo e também porque eu acho que é um daqueles pratos de levantar o astral. Já repararam como algumas coisas tem esse poder, de limpar, de clarear o pensamento da gente? Pode ser um canteiro verde em meio ao concreto e as grades, pode ser uma música contagiante, até um sopro de vento que traz um cheiro de chuva. É difícil reparar nisso se o cérebro está condicionado demais à velocidade, mas eu diria que é fundamental para a saúde.
sexta-feira, 28 de janeiro de 2011
Flores e folhas in Pastella
in Talian

Tanti mi domandano che cos'è sta léngua strània del titolo del blog: l' è il nostro parlar 'ntel sud del Brasile, nel'area dei nipoti dei imigranti italiani: si ciama Talian e l'è un vero speranto, una mescolanza di dialetti di tanti paesetti d'Italia, ma gà 'na origine veneta, con un poc di Furlan e naltro tanto di Trentin e Lombardo. Mi me gò imparà a casa sto bel parlar ma no l'è mia facile ricordarmi sensa parlarlo. Pecà che al dì d´incò, tanta zente no la ze mai bona de capir talian!
Muitos tem me perguntado que língua estranha é essa no título do blog: é o nosso jeito de falar no sul do Brasil, nas áreas ocupadas por netos e bisnetos de imigrantes italianos. Se chama Talian e é um verdadeiro esperanto, uma mistura de dialetos de tantas cidadezinhas italianas, mas tem uma base vêneta, com um pouco de friulano e outro tanto de trentino e de lombardo. Eu aprendi em casa esse belo idioma, mas não é fácil lembrá-lo sem falar. É uma pena que nos dias de hoje tanta gente seja incapaz de entender o Talian.
quinta-feira, 27 de janeiro de 2011
Um amor de Butiá
Esse foi o tanto de geleia que rendeu...
Dei uma aquecida na fruta para amolecer... não gosto de passar fruta no liquidificador.
A fruta in natura é imbatível, com seu azedinho mágico, seu coquinho bom de roer por horas e horas... Onde tem butiá, tem crianças. Quando tínhamos a clínica em Encruzilhada, volta e meia tinha uma gurizada batendo na porta, perguntando se podiam subir no muro para comer os butiás da palmeira que ficava bem em frente ao portão. Quando estive no Uruguay, aprendi a tomar o café de coquito, feito com as amêndoas torradas do butiá, misturado ao café comum. Desta vez, optei por fazer uma geleia, como podem ver. Aromatizei com cardamomo, equilibrei o gosto do açúcar com laranja verde e ...voilà! Uma deliciosa geleia. Como tinha sobrado um pouco no fundo da panela e eu não sou de desperdiçar um tesouro desses, misturei um pouco de creme de leite fresco para diluir e raspar com o lambe-lambe. Meu Deus, que maravilha! Isso me deu a ideia da sobremesa acima: mousse de butiá (creme de leite batido, misturado a geleia e gelado) com calda de cointreau (licor de laranja) e gerânios. Uau. Uau mesmo.
quarta-feira, 26 de janeiro de 2011
Para pensar
Preparando...
Ontem comecei a fazer um vinagre de pera, um licor de menta e outro de folhas de figueira. Espero que eu tenha traduzido certo as receitas, heheh... bom, de qualquer modo, vou demorar dois meses para descobrir. A ideia é aromatizá-los com especiarias, mais tarde no processo. Precisavam ver a cara da minha faxineira, me vendo às voltas com folhas de árvore, cascas de fruta e cachaça... quando ela viu a menta, comentou que tinha arrancado uma touceira de menta do seu pátio, pois não via serventia para ela. Disse que só colocava as folhas no chimarrão. Pensei no que disse Carlo Petrini, em seu livro slow food, que os camponeses estão esquecendo dos saberes que foram seus durante milênios. Vejo que a maioria das pessoas, mesmo as que se criaram no campo, costumam subempregar as ervas e não se preocupam mais com os reaproveitamentos, quase tanto quanto as pessoas da cidade. Nesse sentido, concordo com quem diz que a fome não é um problema de carestia, mas de gerenciamento dos recursos. A minha avó materna fazia licores de sobras: folhas de figueira, cascas de bergamota, caroços de pêssego. Ela fazia sabão juntando pequenos pedaços das barras e sebo. Toda a erva-mate, o café e as cascas de ovo tinham destino certo: a compostagem para a horta, que ela sempre manteve na zona urbana de Porto Alegre. Na frente da casa dela, tinha um milharal. Nos fundos, uma parreira. Minha vó era ecologista e não sabia!
Em tempo: obrigada ao amigo Rossano Christ que cedeu gentilmente as folhas mais tenras da sua figueira. Quando ficar pronto, vai ganhar uma garrafa de licor!
Teutônia - Herzlichen willkommen
segunda-feira, 24 de janeiro de 2011
Saladinhas estranhas
Pissacán (Taraxacum officinale), Menstruz (Coronopus dydimus) e Acetosa (Rumex acetosa) estão no elenco de figurinhas estranhas das minhas saladas. Como são espécies ruderais (capoeira mesmo, da boa), as folhas precisam ser muito tenras. De outro modo, ficam fibrosas e amargas. Eu as como puras, enquanto cuido do jardim. O menstruz não é fácil de cultivar, mas se acha por aí, com facilidade. É só lavar bem com hipoclorito. É o meu preferido, porque me lembra dos almoços de domingo na colônia, quando meu avô me chamava de cunício (coelho) ao me ver devorar bacias de menstruz, agrião, radíci e alface lisa. O pissacán tem esse nome porque cresce nos barrancos, bem à altura... do xixi dos cachorros! (do talian: pissa = mija e cán = cachorro). A acetosa se chama azedinha justamente porque seu talo também é uma das delícias da infância: lembram daquelas florzinhas cor de rosa que cresciam no vão das calçadas e que a gente adorava mascar por causa do gosto azedinho? Pois é: a Rumex é a parente francesa desse matinho bem gaúcho... capoeira francesa é mais fina que a nossa.
Viola odorata!

Minhas idas à feira ecológica estão rendendo frutos, ou melhor...flores! Eis a Viola odorata que adquiri e que já está querendo florir! Quando olhava os livros americanos, sonhava em fazer vinagres cor de violeta com ela e enfeitar meus pratos com as flores que simbolizam a modéstia e o amor de Zeus por Io, que transformada em novilha, alimentou-se das folhas tenras da Ion - violeta em grego.
As mil faces do Manjericão

Eu o amo por ser versátil, por ser cheiroso e cheio de caráter. As variedades acima são as que crescem em meu jardim suspenso:
- Comum - amigo de todas as horas: vai no bouquet garni, no sugo das massas, na Pasta alla Norma, com berinjela e ricotta, na salada de massa, com tomatinho cereja e azeite, no pesto, na insalata caprese, com tomates maduríssimos e mozzarela de búfala... meu professor, chef Franco Gioelli, me ensinou a branqueá-lo para diminuir seu eventual amargor.
- Tulsi - variedade indiana, de folhas carnosas e perfume inebriante. No filme Sabor da Magia, a protagonista presenteia seu amado com folhas de tulsi, para que ele lembre dela e tenha sonhos com ela... o senhor que me vendeu a muda explicou que nos tempos antigos, nossas avós o esfregavam no corpo, à guisa de desodorante. Ainda não usei em culinária.
- Purple Ruffles - variedade de aparência vistosa, com pouco aroma. Eu emprego na decoração de saladas, como na minha Insalata della Morosa, onde eu exploro diferentes tons de rosa e púrpura.
- Red Rubin - essa variedade vistosa não gosta de calor. Ela se torna verde em temperaturas superiores a 30 graus. Eu uso como folha de salada e na conserva, com sal.
- Anão - este eu gosto de reservar para a decoração de pratos ou para integrar minhas micro-saladas, junto com brotos de rúcula, beterraba e amaranto.
- Lattuga di Napole - com a folha do tamanho de uma folha de alface, pode substitui-la em saladas, servir de tigela para saladinhas e mousses salgadas, integrar lasanhas e forrar terrines vegetarianas, enfim, mil coisas.
Estão crescendo no "berçário": basilico cannella, gigante da Ligúria e grecco a palla. Quando eles passarem para os vasos, documentarei aqui.
Bertalha
Meu amigo, o chef Moisés Basso, deseja saber mais sobre a bertalha, essa espécie ruderal (leia-se: capoeira, mato) nativa do Rio Grande, conhecida por enquanto apenas nos meios culinários alternativos. Pois bem, trata-se da Basella rubra L., frequentadora de terrenos baldios e substituta honrosa do espinafre, de folhas carnosas e crescimento vigoroso, em função da sua rusticidade. Comprei essa muda por encomenda, lá na feira ecológica da Redenção. Essa eu ainda não experimentei, porque está pequenina, mas é só ela crescer um pouquinho que vai p a panela... estou pensando em massas coloridas, em lasanhas...Respondido, chef?
Detalhes onde se prende o olhar
Geleia de rosas e vinho
Faxina de início de ano
Ano novo, tatuzinhos velhos. Depois de ver meus vasos infestados com esses insetinhos e suas irmãs mais velhas, as lacraias, resolvi revolucionar. Tirei tudo do lugar e fiz uma faxina hardcore, que demorou um mês para terminar. Quase uma reforma, mas valeu a pena. Removi a manta, os seixos, toda a terra de todos os vasos, transplantei, adubei, podei...Aqui vão as fotos do extreme makeover - garden edition - antes e depois:
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