Eu gosto de comer, isso não é novidade nem segredo. Gosto de gianduia, gosto de polenta, gosto de massa, de manteiga, tudo ok. Mas, no fim das contas, eu troco qualquer experiência sensorial alimentar por uma insalatina. Mesmo. Confort food, gastronomia afetiva, sei lá. Saladinha para mim tem gosto de felicidade: a crocância incomparável da alface americana, os diferentes tons amargos do pissacán, da radíci, do menstruz, todos esses sabores da minha infância, as tonalidades roxas e verdes, as infinitas variações das bordas: frisèe, mimosa, crespa, lisa... insalatina di campo para mim é o ápice da beleza culinária, é base para inventar, casa com tudo, combina com tudo, em especial com meu querido vinagre feito em casa e com minha coleção de azeites verdes. Nesse fim de semana, cozinhando para amigos, comprei uma alface orgânica no mercado e fiz das folhas dela um invólucro para um mesclun vindo diretamente da sacada: funcho, pissacán, cerefólio, manjericão lattuga rosso, radíci. Arrematei com uma cebolinha. Temperei com sal affumicato dinamarquês, aceto di lampone (framboesa) e azeite uruguaio. Meu Deus, eu quase nem olhei para o filé que acompanhava, coberto de manteiga de ervas feita em casa. Tem coisa mais linda e mais gostosa e mais transcedental que uma bella insalatina? Acho que não.
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