Tempos atrás, pedindo um spaghetti com ervas num restaurante, fiquei tremendamente frustrada. Além de massa requentada e dura, as ervas eram secas e irreconhecíveis. Nem mesmo quis terminar o prato e saí jurando não retornar. Hoje, folheando um livro que trouxe da Itália, com receitas maravilhosas de uma trattoria que se situa em meio a uma horta, reacendeu-se em mim o desejo.
Com minhas ervas dentro de casa em função do calor, tudo o que fiz foi cortar umas folhinhas de orégano, cerefólio, cebolinha, funcho bronze, tomilho-limão, erbastella e erbasilena. Lavei, sequei e, enquanto a massa cozinhava, cortei as mais resistentes ao cozimento. Escorri a massa e salteei num resto de óleo de umas alcachofras em conserva que andei comendo, pimenta moída, folhas de oliveira em pó (trouxe do congresso, achei fantástico) e as ervas frescas cortadas. Por cima, ervas delicadas e inteiras.
Não concordo em moer as ervas na cozinha, pois todo o óleo essencial das ervas fica na tábua e não no prato. Especialmente quando se trata de um sabor tão sutil quanto o do cerefólio. Também não sou eu, com a minha faca, quem irá questionar a beleza do design dessas folhinhas. Gosto que fiquem assim, inteiras, e que meus dentes rompam a delicada estrutura, liberando o sabor dentro da boca. Mais um fio de azeite, queijo ralado e tomatinhos do meu tomateiro que "maçariquei" e deixei no ramo mesmo. Tem como parecer mais fresco do que isso? Essa é a experiência sensorial que espero quando peço algo simples como uma massa às ervas: frescor. Não há como alcançar isso com ervas secas.
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